quarta-feira, 30 de junho de 2010

PARA PEGAR NA LOCADORA


O velho dilema sobre o verdadeiro banco de apredizado ser o de uma escola ou o da própria vida embala o delicioso e inspirado An Education. Mesmo com um grupo de atores talentoso e que trabalha bem, seja em conjunto ou individualmente, este filme da dinamarquesa Lone Scherfig tem uma grande estrela: Carey Mulligan. Carey Mulligan é o nome do filme. A atriz incorpora toda a leveza, vontade de viver e complexidade de uma adolescente londrina no início dos anos 1960. E nos ensina que a vida pode ser terrível ou maravilhosa – a escolha sobre isto depende apenas da nossa vontade de dar certo.

A HISTÓRIA: Em uma tradicional escola e família londrina de 1961, Jenny (Carey Mulligan) aprende tudo que é preciso para se tornar uma moça respeitável. Na sala de aula, a garota é a mais aplicada e a mais interessada nos ensinamentos da professora de literatura e língua inglesa Miss Stubbs (Olivia Williams). Em casa, ela tenta convencer o pai, Jack (Alfred Molina) sobre a importância de equilibrar seu interesse pelos estudos e pela música. Mas Jack quer que a filha se aplique totalmente aos estudos para que, logo mais, ela consiga entrar na tão sonhada faculdade de Oxford. Depois de um ensaio na orquestra juvenil, Jenny espera em um ponto de ônibus, com seu violoncelo, até que a chuva torrencial diminua. Nesta ocasião passa por ali David (Peter Sarsgaard), um charmoso homem mais velho que oferece uma carona para a estudante. Jenny ganha com David um atalho para a vida adulta que tanto deseja.

Um filme acima da média se percebe nos detalhes. An Education, por exemplo, começa a mostrar a sua qualidade logo nos créditos de abertura. Eles são apresentados de maneira criativa, divertida, com uma trilha sonora deliciosa – que, aliás, permanecerá assim até o final da produção – e com um esquema “artístico” de desenhos que lembram o universo da história: o da escola. Primeiro grande acerto dos produtores e da diretora. Mas é preciso lembrar que estes são apenas os créditos iniciais. Junto com os desenhos, começam a surgir cenas do cotidiano da protagonista, Jenny. E, logo mais, para o deleite de quem gosta de uma grande atriz, ela mesma, Carey Mulligan.

A educação rigorosa e formal inglesa aparece em cenas divertidas, como as que mostram as alunas aprendendo a ter postura e charme no caminhar (treinando com um livro sobre a cabeça), perfeição nos passos de dança e conhecimento da boa cozinha. Afinal, o que mais uma garota poderia querer na Londres do início dos anos 1960? Charme, postura, saber dançar e cozinhar, assim como ter um comportamento discreto e com recato em público. Só que no meio de dezenas de alunas “normais”, despontava Jenny, uma garota acima da média em literatura e língua inglesa e que tinha pressa por conhecer o mundo. Fascinada pela cultura francesa e a “liberdade” simbolizada por Paris, Jenny pensava na universidade como uma forma de trampolim para que ela conseguisse a sua tão desejada autonomia.

O encontro dos dois marca a espinha dorsal do filme. Afinal, quando Jenny finalmente começa a vivenciar os prazeres de quem tem uma certa quantidade de dinheiro no bolso e vive na Europa, é que o espectador começa a se perguntar, junto com ela, onde está realmente a base da educação. Em uma sala de aula, aprendendo parte dos conhecimentos científicos e culturais de uma sociedade até determinado momento, ou aprendendo com os prazeres e desilusões da vida mesma?
Tudo funciona à perfeição em An Education. A diretora Lone Scherfig sabe escolher o ângulo e a dinâmica correta de cada imagem, de cada cena. Seu olhar cuidadoso para os cenários e os atores fica evidente em cada minuto do filme. Para ajudá-la nesta função, está o trabalho também perfeito do diretor de fotografia parisiense John de Borman. Os dois transformam muitas sequências em verdadeiros quadros, fotografias, peças que tem uma dinâmica e uma luz próprias. A edição precisa de Barney Pilling contribui bastante para o resultado final. E a trilha sonora, ah, a trilha sonora! Simplesmente deliciosa – e uma das melhores do ano. Mérito de Paul Englishby.

Vejam o trailer:





Vejam algumas fotos do filme, e reparem na riqueza de detalhes, desde o figurino impecável, passando pela decoração retrô, Paris, Londres, e se alugarem prestem atenção na trilha sonora!

Resumo do filme: CHIC!

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