ARLEQUIM:Dize: Queres-me bem?
PIERROT:Fala: gostas de mim?
COLOMBINA, hesitante:Eu amo-te , Pierrot...... Desejo-te, Arlequim...
ARLEQUIM, soturnamente:A vida é singular! Bem ridícula, em suma... Uma só, ama dois... e dois amam só uma!..
COLOMBINA , sorrindo e tomando ambos pela mão:Não! Não me compreendeis... Ouvi, atentos, pois meu amor se compõe do amor dos dois... Hesitante, entre vós, o coração balança:
A ARLEQUIM:O teu beijo é tão quente...
A PIERROT:O teu sonho é tão manso...
Pudesse eu repartir-me e encontrar a minha calma dando a Arlequim meu corpo e aPierrot a minh’alma!
Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra!
Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão doamor está na variedade...
Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim:
Um sonho de Pierrot...E um beijo de Arlequim!
Fonte: Menotti Del Picchia
4 comentários:
Oi, Tatá, me interessam as colombinas e o mundo dos sonhos.
O ilusório dos Pierrots e Arlequins e as dúvidas da 'dividida' colombina entre um e outro e entre o que tem e o que deseja...
Interessante que a Colombina ficou atrelada ao carnaval mas essa fantasia se evidencia mais do que se pensa.
Beijos,
Bom carnaval!
Mai
Oh, que bonito diálogo!
"Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!
(...)
Um sonho de Pierrot...E um beijo de Arlequim!"
Perfeito!!Lindo e põe singular nisso, né?
Beijo
não sabes o quanto isso faz sentipra mim e para minha outra pequena, minha garota
estamos assim
dividos em dois...ambos!
e fico feliz em ler e sentir
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